sábado, 22 de setembro de 2012

(in)Finito

Semente improvável,
Germina.
Regado sem compromisso,
Floresce.
Ocupa espaços, finca raízes,
Existe.
Torna-se forte, robusto,
Único.
Imortal, infinito,
Dura.
Resiste, persiste,
Perdura.
Mas também sofre, padece,
E insiste.
Insiste mas não resiste,
Enverga.
Enfraquece.
Torna-se mortal, finito,
Mingua.
E acaba.

Acaba pra depois recomeçar,
Nova espécie.
Semente transgênica,
Modificado.
Finca novas raízes, ocupa novos espaços,
No mesmo terreno.
Sem ser semeado,
Floresce.
E inadvertidamente
Repete o ciclo.
Diferente, mas o mesmo.
O mesmo, porém diferente.
Nem melhor nem pior,
Diferente.
Chama imortal,
Infinita.
Que dura pra sempre,
Até acabar,
E sempre renasce,
Essência.
Um novo pra sempre,
Enquanto durar.



quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Tempo Tempo Tempo Tempo

""
E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo...
""
(Oração ao Tempo, Caetano Veloso)

O Tempo tem um compasso diferente pra cada emoção. Em alguns casos parece nunca passar, parece congelar.

Há 7 anos ELA partiu, mas ainda dói como se tivesse acabado de acontecer.

Saudade que nunca acaba, ausência que nunca para de doer.

Pra sempre, e sempre mais, TODO AMOR QUE HOUVER NESSA VIDA PRA VOCÊ, MÃEZINHA!

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Improvável

Sou urbanóide.

Nunca acampei, não sei nadar, tenho pavor de bicho (bicho = qualquer ser minúsculo que se mova e/ou voe), sou alérgica a picada de inseto e não tomo banho de água fria nem mesmo no verão escaldante.

Nasci e me criei na cidade; sou totalmente dependente de energia elétrica, casa de tijolo, inseticida e repelente.

Toda vez que algum conhecido ia curtir o final de semana "na natureza" eu torcia o nariz inconformada, descrente que qualquer ser humano em sã consciência conseguisse encontrar algum prazer ou diversão no meio do mato, sem conforto nenhum e rodeado de bichos. Impossível!

Mas a gente muda, e só se dá conta disso quando, 2 horas depois de um convite de última hora, está de mochila nas costas pronta pra seguir viagem rumo ao PETAR, no meio do meio do meio do mato.

Sintomático.

Como se algo dentro de mim clamasse por qualquer coisa além do óbvio cotidiano. 

Como se minha alma implorasse por uma recarga de energia junto à natureza.

Como se o Eremita outrora adormecido ganhasse forma, contornos, força, vontade própria. 

E lá, no meio de uma Reserva deslumbrante de Mata Atlântica, entre bichos e matos e tantas outras coisas improváveis, eu me senti absolutamente VIVA. Viva como há muito não me sentia. Viva e com  uma rara vontade de viver com intensidade. 

Na Natureza Selvagem eu encontrei uma força que eu nem sabia que tinha, e coragem suficiente pra enfrentar muitos medos. Medos ridículos de urbanóide, mas ainda assim MEDOS.

Eu, claustrofóbica xiliquenta, explorei 7 cavernas e atravessei passagens minúsculas com relativa facilidade. Eu, medrosa, destrambelhada e atrapalhada, fiz trilhas extensas de mais de 3,5km mata adentro, com variados graus de dificuldade, subindo e descendo encosta, atravessando rio, transpondo obstáculos, tudo isso com relativa facilidade. Enfrentei água MUITO gelada dentro e fora das cavernas, mosquitos, barro, lama, e quando vi morcegos na Caverna do Cafezal nem saí correndo.

Não faltou fôlego, não faltou coragem, não faltou disposição, e sobrou vitalidade. Experiência transcendental. 

Epifania: Só a Natureza pode me ensinar tudo que eu preciso saber sobre a vida, sobre os outros, sobre tudo, e principalmente sobre mim mesma. Me senti meio Chris McCandless... Dona Farta Supertramp.

Eremita. 

Talvez as relações humanas já tenham me ensinado demais nessa vida, ou talvez seja apenas  essa minha humanofobia(*) cada dia mais aguda. Certezas eu não tenho, mas dizem que contra fatos não há argumentos, o que me leva a crer que talvez eu não esteja tão louca assim. Na base do eu-comigo-mesma, e com uma ajudinha das forças da natureza, sou uma pessoa infinitamente melhor. Definitivamente!

É um caminho. Talvez "O" caminho. Vamos acompanhar...



THIS!


Só pra constar (*1): Não é que eu não goste de gente, nem nada, muito pelo contrário, acho ótimo... Apenas não tenho curtido muito INTERAGIR com gente. Tenho brigado com todas as gentes que tentam se relacionar comigo, e já passei da fase de achar que ~ninguém me entende~; já consigo ter consciência de que sou eu mesma que ferro com tudo todas as vezes, e por isso a ~epifania eremita~ me trouxe tanto conforto. Cada um tem um caminho nessa vida, e o meu talvez seja menos óbvio, com mais mato e menos gente. É isso. 

Só pra constar (**2): Continuo tendo PÂNICO mortal de Barata, mas este ser demoníaco, vocês sabem, não tem absolutamente NADA a ver com natureza!

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Para ler ouvindo:


" Leave it to me as I find a way to be
Consider me a satellite, forever orbiting
I knew all the rules, but the rules did not know me
Guaranteed." 

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

E no meio de tanta gente...

... eu encontrei Hamilton Maia.

Entre tanta gente chata, sem nenhuma graça, ele veio pra ocupar um espaço enorme e definitivo na área VIP do meu coração.

Era julho de 2010 e eu visitava um outro ~amigo Vip~ em Curitiba, quando fui apresentada a um cara  lindo, elegantemente vestido num terno bem cortado, de olhar marcante e postura impecável.

Entre um drink e outro, puxei assunto e descobri que ele também era advogado. Conversamos um pouco sobre amenidades, e lembro bem de tê-lo achado muito sério, quase antipático. "Poser!", pensei, torcendo o nariz mas tentando não demonstrar minha implicância.

Saímos todos no mesmo carro para uma baladinha inocente na night curitibana, e foi então que um mendigo muito inconveniente (#piadainterna) nos abordou no semáforo e acabou permitindo que quebrássemos o gelo. Naquele momento as barreiras se romperam, e eu consegui enxergar o verdadeiro Hamilton Maia, que de poser e antipático não tinha nada, muito pelo contrário!

Foi amor à segunda vista! :-p

Amor de Amigo, Amor de Irmão, Amor de Cúmplice, Amor de quem a gente leva pra sempre num lugar muito especial dentro do coração!

Iniciou-se então uma amizade que foi crescendo devagarinho ao longo dos últimos 2 anos, no tempo certo, do jeito certo, amizade construída tijolinho por tijolinho, sólida, como as boas amizades devem ser!

Moramos longe, mas essa inconveniência serve apenas para provar que a distância definitivamente não é obstáculo para relações verdadeiras. Graças à tecnologia nunca deixamos de manter contato, e os eventuais encontros que pudemos ter foram sempre muito especiais, fosse numa ocasião festiva no Rio de Janeiro ou em São Paulo, fosse num final de semana de Sol e Praia em Recife, ou fosse em uma rápida carona até o Aeroporto de Curitiba em uma das minhas muitas e tumultuadas viagens de trabalho.

Aliás, quem mais neste Mundo se abalaria do conforto do próprio lar debaixo de chuva torrencial apenas para me dar uma carona até o Aeroporto de Curitiba (que fica looonge de tudo!) e ficar horas na fila do check-in comigo? Pois é...

Poucas pessoas nessa vida - pouquíssimas - se dispõem a estar com a gente apenas pela companhia, apenas pelo estar junto. A vida é uma troca de interesses, e não raras vezes até aqueles que chamamos de "amigo" somente procuram a nossa companhia se ela estiver associada a algum outro interesse. É a natureza humana.

Mas com o Hamilton essa lógica não funciona. Eu sei que todas as vezes que ele veio me ver, ele veio ME VER de verdade, pouco importando se iríamos pra uma festa badalada ou se ficaríamos em casa bebendo cerveja de pijama e jogando conversa fora ao som de Elis Regina. Todas as vezes que estivemos juntos, havia vontade real de estar junto, de desfrutar da companhia, de bater papo, de falar e ouvir, de exercitar a AMIZADE. E isso, meus caros, faz TODA a diferença!

Ele é Advogado, eu também. Ele tem personalidade forte, eu também. Ele é bravo, eu também. Ele é briguento, eu também. Ele adora beber cerveja como se não houvesse amanhã, eu também. E essa mistura que poderia ser catastrófica tem funcionado muito bem, porque acima de tudo está sempre o amor que temos um pelo outro, o RESPEITO que temos um pelo outro, o cuidado que temos um pelo outro.

Eu sei que não sou uma pessoa fácil de lidar, tenho meus trilhões de defeitos e às vezes acaba sobrando pra quem está mais perto (Hamilton que o diga, tadinho!), mas temos maturidade suficiente pra entender que amizade vai muito além dos elogios e das concordâncias, temos maturidade suficiente pra entender que muitas vezes é discordando que a gente aprende, e cresce, e fortalece a relação de maneira saudável, temos maturidade suficiente pra entender que não somos perfeitos, que cometemos erros e cometeremos tantos outros, mas que no fim das contas sempre vamos nos entender, porque o que importa de verdade não se abala!


E hoje é o Hamilton's Day. 



Aniversário desse cara que eu amo tanto, e que tanta diferença tem feito na minha vida. O Advogado obstinado, o Ator brilhante (eu não contei? além de tudo ele ainda é ator - premiado - morrooooo de orgulho!), o Tio babão, o Amigo dedicado. 

Estar longe em datas assim é muito ruim. No meu mundo ideal eu estaria embarcando agora mesmo pra Curitiba pra apertá-lo muito, mas a vida é feita também de inconveniências (#piadainterna2), e não vai ser possível celebrar junto, não agora. =(


Mas quero te dizer, Amore, que daqui da Fartolândia, daqui do meu cantinho que também é seu, daqui do meu jeito meio atrapalhado, estarei celebrando cada minuto contigo, porque a sua vida é muito especial e importante pra mim, e deve ser intensamente celebrada, SEMPRE!


Feliz Aniversário, e seja muito, muito, muito, muuuuuuuuuuito feliz!
Obrigada por existir!
AMO-TE! Do fundo do meu coração!

terça-feira, 4 de setembro de 2012

A supervalorização da Conchinha

"Foi tão incrível que depois de tudo ainda dormimos de conchinha!", me contou um amigo apaixonado, entre um suspiro e outro. Na esteira das justificativas para a paixão avassaladora que o acometera, o dormir-de-conchinha ocupava posição de destaque, era o argumento final, incontestável.

De fato, parece que a tal da conchinha é o ápice da demonstração de afeto para 10 entre 10 apaixonados. Existem inclusive estudos que dizem que "Dormir de Conchinha diminui o estresse", e jornalistas admiráveis que teorizam com bastante lógica e desenvoltura sobre "o prazer, a paz e o aconchego que a intimidade física da conchinha proporcionam". 

Quem sou eu pra contestar o estudo, o jornalista, ou os apaixonados? Exatamente: Ninguém. Ou talvez uma humanofóbica deprimente e amargurada, porque de fato ouso discordar de todos eles - desculpaê sociedade!

Não é que eu discorde assim, totalmente, e nem que eu odeie com todas as forças do universo dormir de conchinha! Uma vez ou outra, dependendo do contexto, pode até ser que este seja mesmo o ápice de um momento de carinho, mas daí a idealizar uma relação com base no seu potencial conchinhístico e vincular a existência de cumplicidade e afeto ao dormir de conchinha é um pouco demais pra mim!




Como acabei de falar para o meu amigo apaixonado, acho que nós idealizamos a conchinha, supervalorizamos a conchinha, e não raras vezes nos sujeitamos a noites inteiras de sono ruim numa posição pouco confortável apenas para justificar o estereótipo romântico que fica lindo numa cena de filme de amor, mas que na nossa própria cama muitas vezes é apenas desconfortável.

Ok, cada um é cada um, e deve haver mesmo quem encontre conforto para uma noite de sono perfeita entrelaçado em posição fetal com o parceiro, cada parte do corpo em contato com o corpo do outro, troca de fluídos, fungadas no pescoço, etc e tal. Mas esse, definitivamente, não é o meu caso.

Salvadas raríssimas exceções, eu gosto mesmo é de me enroscar nos meus travesseiros, no meu edredon, e fim. Gosto de ter liberdade para me mover e me entregar aos sonhos e ao sono, sem limites. Até porque só uma noite muito bem dormida é capaz de manter meu romantismo vivo na manhã seguinte.

O contato físico, a troca de carinhos, fluídos e fungadas ficam reservadas para outros momentos, enquanto eu estiver bem acordada. Esse sim, é o meu romance ideal!

;-)