Mas aí chega um dia em que, do nada, uns sapos-boi absurdamente grandes aparecem no nosso caminho, e tornam todo o processo de engolimento praticamente impossível. O famoso sapo entalado, sacaram?
Pois então. Vou contar 4 histórinhas pra vocês:
Sapo 01:
Fui almoçar como sempre perto das 4 da tarde. É um horário bem difícil porque, exceto as maledetas praças de alimentação de shoppings, poucos restaurantes ficam abertos durante a tarde. Mas existem alguns, e supomos que se estão com as portas abertas, bem... deveriam estar atendendo, não é mesmo?
Não vou nem entrar nos detalhes da péssima vontade do garçom e do sushi man, porque senão este post ficará imenso, mas depois de comer bem mal e estar profundamente arrependida de ter ido ao tal Zushi, chegou a hora da conta. Pago (uma pequena fortuna), e peço a Nota Fiscal Paulista como de costume (todo mundo devia fazer o mesmo, ficadica):
_ Ah, a senhora vai desculpar, mas estamos sem sistema essa hora e eu não tenho como tirar a sua notinha.
_ Tudo bem, moço, você emite a nota manual então e anota meu CPF, dá na mesma...
_ Então, dona, nós não temos nota manual... (claramente me dispensando)
_ Como assim "não tem" nota manual? Vocês tem que ter, é obrigatório!
_ É, mas nós não temos, e com o sistema fora do ar... (tentando me dispensar mais uma vez)
_ Mas o sistema fora do ar não é um problema meu, moço... (e antes que eu concluísse ele me interrompe)
_ Olha, senhora, não posso fazer nada. Nós não temos talão de nota manual, e não tenho sistema... (e provavelmente ele teria emendado um "desapareça" na sequência, se pudesse)
_ Mas, moço, isso é absurdo e errado, muito errado. Todo estabelecimento comercial deve manter um talonário de Notas Fiscais. Você sabia que se houver uma fiscalização vocês serão multados?
_ Sim, dona, eu sei... se houver uma fiscalização, a gente "tá na roça" (claramente segura a vontade de rir e dá apenas uma piscadela, deixando bem claro que está se referindo àquele Reality Show tosco)
Depois dessa, desisti da briga, sabe? Não devia, mas desisti, porque ficou muito claro que o moço não estava me levando a sério, e eu não sei onde a história teria ido parar se eu realmente tivesse "comprado a briga".
Mas o sapo, né... ficou entaladão. Porque eu tenho muita raiva de lugar caro e metido a besta que não trabalha direito, não emite nota fiscal e nem dá bola para a argumentação dos clientes. Principalmente depois de um atendimento que não valeria 10% do valor cobrado na conta.
Sapo 02:
Fui com a minha irmã comprar umas coisinhas na padaria, para um café da tarde. Por sugestão dela fomos a uma padaria "bacana", uma tal de San Paolo, na região do Alto da Lapa, que é um bairro... bacana.
Padaria "bacana" só para o dono, aliás, que deve estar bem rico com os preços absurdos que tem coragem de cobrar por 1 pãozinho de queijo, por exemplo. Mas até aí, beleza... quando você vai tomar um café da tarde (começo de noite, na verdade) na Ilha de Caras pode até se dar alguns luxos. E foi o que fizemos. Ou tentamos.
Estacionei meu carro - um Celta velhinho e cansado de guerra - na área reservada à frente da própria loja, ocupando uma das 6 ou 8 vagas (não lembro exatamente), ao lado de algumas super máquinas bem imponentes.
Já estávamos indo para o caixa com as compras quando um senhor que aparentemente era o dono ou gerente ou algo que o valha perguntou de quem era o Celta, me identifiquei, e então ele pediu a chave para manobrar.
Expliquei que já estávamos indo para o caixa e que não iámos demorar muito mais, e perguntei também o porquê de ele querer manobrar um carro que já estava certinho na vaga, e então ele disse rapidamente que "ia dar uma puxadinha para caber um outro carro atrás".
Aquilo não fazia muito sentido, mas eu nem liguei, dei a chave pro moço e me dirigi ao caixa, onde deixei uma pequena fortuna em reais por meia dúzia de croissants. O moço voltou, devolveu a chave do carro quando eu já estava de saída da padaria, e falou:
"_Coloquei seu carro aqui do lado, na outra calçada."
Não entendi e perguntei por que raios ele tirou meu carro da vaga para colocá-lo lááááá do outro lado, e ele falou meio depressa (tentando disfarçar), enquanto sumia:
"_Ah, eu só precisava liberar a vaga para outro carro" (e evaporou).
Olhei com cara de ué pra minha irmã, mas estava achando que, sei lá, tinha realmente alguma razão lógica pra ele tirar meu carro de uma vaga e colocá-lo na calçada do outro lado, à frente de outro estabelecimento, que por sinal estava fechado e sem iluminação.
Quando saímos da padaria foi que eu vi que e a vaga onde eu havia estacionado meu carro estava VA-ZIA. E, debaixo de garoa, tivemos que ir láááá para o outro lado, onde meu celtinha feinho e velhinho estava estacionado assim, no escuro, meio escondido.
No estacionamento da própria Padaria, aquele lugar onde eu parei inicialmente, estavam agora lindamente estacionados apenas alguns carrões, daqueles que valem umas 10 vezes o valor do meu carro, por baixo.
Mataram a charada? O cara não queria o meu carro velho enfeiando a entrada do estabelecimento metido a besta dele! Viu aquela carrocinha ali na frente, destoando do restante da "decoração", e tratou logo de dar um jeito na situação.
Sabe, a minha ficha só caiu mesmo quando eu entrei no meu carro e pensei: Puta que Pariu, que discriminação da Porra! (desculpem os palavrões). Gastei uma pequena fortuna naquela padaria de merda (San Paolo, na Rua Pio XI, pra deixar bem claro), mas como tenho apenas um Celta não sou digna de utilizar o estacionamento frontal deles. Sabe, isso é muito revoltante!
Eu devia ter descido do carro e voltado lá pra fazer um escândalo. Mas desisti - porque estava chovendo, porque eu estava com pressa, enfim, porque no fundo eu sabia que não adiantaria de nada...
Mas, sabe, o sapão ficou bem entalado, quase me sufocando. Tanto que o café de começo de noite na Ilha de Caras nem teve a mesma graça, e depois eu me arrependi muito de não ter feito um belo barraco lá na padaria de merda daquele imbecil.
E, ó, nem é tudo isso não, viu? Tem padariazinha de bairro suburbano por aí que faz um croissant infinitamente melhor. Corrão desse lugar, gente! Sério!
Sapo 3:
Depois do episódio padaria, e pouco antes de chegar à Ilha de Caras, minha mana lembrou que precisava comprar café, então paramos rapidamente no supermercado Dia % que tem na Rua Tito. Quer dizer, rapidamente é modo de falar, né?
Primeiro eu queria dizer que nenhum estabelecimento chama "Dia %" impunemente.
Minha irmã ficou no carro e eu entrei pra pegar o café e o filtro. Por muito pouco não caí um tombo cinematográfico, porque estava chovendo, o piso do estacionamento molhado e o piso de mármore ou granito ou algo que o valha no interior da loja estava um sabão. E, gente, pra que colocar antiderrapante, se a gente pode conseguir boas vídeocassetadas, não é mesmo? Respeito ao cliente é isso, aprendam!
Sambei 2 minutos no piso escorregadio com meu salto 20 e por um milagre da física consegui recuperar o equilíbrio a tempo de salvar um resto de dignidade (e só um restinho, porque a cena do escorregão foi detalhadamente assistida por toda a galera que estava nas filas dos caixas.
Em 5 segundos peguei o que tinha que pegar e vou para os caixas. 3 Caixas.
No. 01 - "Caixa rápido até 10 unidades", com uma fila de umas 30 pessoas com poucos itens, e estava bem claro que aquele "rápido" da placa não fazia o menor sentido.
No. 02 - "Caixa Normal", com uma fila de umas 5 pessoas com a "compra de mês", sabe, aquelas compras de 2 carrinhos lotados até a boca? Então!
No. 03 - "Caixa PREFERENCIAL para idosos, gestantes, portadores de necessidades especiais e mães com bebês NO colo". Neste caixa não havia uma viva alma, e a "simpática" funcionária olhava para o nada com cara de poucos amigos.
A primeira coisa que me veio à cabeça foi: "Meu Deus, por que raios essa gente toda tá na fila gigante do caixa rápido se este caixa está livre?".
E, lógico, fui direto ao Caixa No. 03 (absolutamente vazio); e quando ia colocar o pacote de café na esteira a moça "suuuuuper simpática" só apontou a plaquinha acima da sua cabeça e falou: "Aqui é só pra idosos, gestantes, blablabla".
Então eu disse: "Não, meu bem, aqui está escrito que o caixa é PREFERENCIAL, e não EXCLUSIVO, e como não tem ninguém nestas condições..."
Bom, gente, aí a moça zuuuuuuper simpática me olhou como se eu tivesse falado aquelas palavras em aramaico, grego ou mandarin, e ficou bem claro que ela não fazia a menor idéia da diferença entre PREFERENCIAL e EXCLUSIVO.
Desisti de qualquer argumentação antes mesmo de tentar, sabe? Resignada, fui para a fila gigante e fiquei lá pensando que realmente nenhum estabelecimento se chama "Dia %" impunemente.
Que tipo de estabelecimento treina seus funcionários para deixarem uma fila gigante em um caixa quando existe um outro caixa totalmente inoperante? Isso num universo de... bem... 3 caixas apenas? A gente tem mesmo vontade de largar tudo lá e ir embora, pra não esperar uma fila gigante enquanto assiste uma terceira funcionária coçando as partes.
E fica ainda pior quando você vê uma mulher chegar com uma criança enorme de 3, 4 anos, sei lá, uma criança bem grandinha num carrinho de bebê, e essa fulana sim ser atendida pelo caixa PREFERENCIAL. Quando na plaquinha está claramente escrito: "mães com crianças NO colo".
O que acontece com o Mundo, gente, alguém me explica? Porque nada faz muito sentido, sabe?
Deu muita raiva, e mais uma vez eu desisti de brigar, porque eu ia discutir O QUÊ com alguém que não tem a menor idéia do que significa atendimento preferencial? Me poupei, sabe? Mas o sapo, né...
Sapo 4:
Nada é tão ruim que não possa ficar pior. Lembrem-se sempre disso.
Cheguei em casa umas 21h30. Podre de cansada, com frio, triste com a notícia da morte de Michael (mas nem vou desenvolver o assunto agora, porque ainda tô meio passada), louca pra tomar um banho quente, ver um pouco de TV e descansar na santa paz.
Mas paz é artigo de luxo nos dias de hoje. Lembrem-se sempre disso... também.
Meu apartamento dá para o terreno vizinho, onde funciona uma empresa. Mais precisamente para os fundos desta empresa, onde fica o estacionamento.
E sabe-se lá por quê eles resolveram que hoje, QUINTA-FEIRA, era dia de festejar os Santos Juninos. Fogueirona acesa bem no meio da área aberta, e música ruim comendo solta no galpão mais ao fundo, num volume tão alto que de qualquer cômodo do meu apartamento você poderia jurar que o DJ estava aqui dentro.
A música ia de "cair, beber, levantar" a "robocop gay", passado por "i will survive" e "calypso". E teve também putz putz... E o som muito, muito, muito alto mesmo!
Revoltante, sabe? Área residencial, 5a. feira, à noite... o mínimo que as pessoas merecem é um pouquinho de paz. Mas isso é artigo de luxo, como eu já falei.
Resolvi esperar até as 22h00, pra ver se "já estava acabando", mas quanto mais tarde ia ficando, mais alto o som parecia. E como minha quantidade de sapos engolidos ao longo do dia já estava alta o bastante, dessa vez resolvi agir.
Disquei 190 para ouvir:
"Polícia Militar. No momento nosso sistema está sobrecarregado, favor ligar mais tarde".
Gente, achei que era algum tipo de trote ou brincadeira, né, e tentei a 2a. vez, pra ouvir a mesma gravação.
Pára tudo! Como assim "Nosso sistema está sobrecarregado"? Desde quando isso acontece? O 190 não é um telefone de EMERGÊNCIA?
E se eu estivesse morrendo, ou sendo sequestrada, ou assaltada?
Juro pra vocês, eu tentei 5 vezes totalmente sem sucesso. Só na 6a. tentativa fui atendida por um PULIÇA zuuuuuuuuper simpático que ignorou totalmente a minha pergunta sobre a gravação.
Expliquei que queria fazer uma denúncia de perturbação da tranquilidade e bem nessa hora começou a tocar o Créu, bem a tempo de eu dizer: "O senhor está escutando isso? Isso é a festa da empresa vizinha! E agora são 22h40, e as pessoas precisam descansar".
O Seu Puliça me prometeu que uma viatura viria em seguida averiguar a festa, pegou meus dados e o número do meu apartamento, disse inclusive que viriam aqui para verificar o "vazamento" do som, etc e tal, e eu achei mesmo que resolveriam aquele inferno.
Mas eu pergunto: "Alguma viatura da PULIÇA" apareceu por aí?" Não, né? Então... NEM AQUI.
Meia-noite e cinco e tocava super-fantástico-amigo-que-bom-estar-contigo-no-nosso-balão no último volume, enquanto as pessoas da festa gritavam U-HUUUU! Só pra vocês terem uma idéia...
Sabe, gente, eu fiquei muito perto de surtar. Muito, muito perto.
A polícia provavelmente nem levou a minha denúncia a sério, sabe? Porque, né, eles sempre alegam que tem mais o que fazer, bandidos pra prender, e coisa e tal... como se o mundo fosse mesmo um lugar bem seguro e protegido.
E, sabe, eu precisava contar isso aqui. Pra aliviar um tantinho pelo menos, né? Eu precisava.