quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Reciclar é preciso!

RECICLAGEM: Taí um tema a ser desenvolvido, explorado, debatido, destacado... Porque, honestamente, alguém fica 100% tranquilo quando para pra pensar na questão do lixo que produzimos?

Aliás, vocês ao menos PENSAM sobre isso? Eu penso com uma frequência cada vez maior, e tenho ficado bastante assustada diante de algumas constatações.

Falta muito pouco para a luz vermelha de "lotação esgotada" do mundo se acender, e quando isso acontecer não haverá mais espaço pra pessoas, muito menos para lixo... qualidade do ar será uma expressão bem distante da realidade, natureza será algo que só conheceremos através de fotografias antigas, água será artigo de luxo racionado para poucos privilegiados, e estaremos todos condenados a viver naquele estilo Mad Max que, visto no filme, parecia tão irreal, tão distante.

Quem assistiu o encantador filme da Disney WALL-E (lançado nos cinemas em julho deste ano, não sei se já está disponível em DVD) pôde ver na linguagem mais leve dos filmes infantis esta mesma realidade aterrorizante. O mundo engolido pelo lixo, a natureza destruída pela falta de consciência ecológica das pessoas, e o Planeta Terra transformado num lugar absolutamente inabitável.

Pura ficção? Eu diria que não, viu! E olha que não sou das mais pessimistas...

Acontece que é uma questão puramente física: Quem não conhece a assertiva de que 2 corpos não ocupam o mesmo lugar do espaço? Uma das primeiras lições de Física que todos nós aprendemos, mas que esquecemos completamente ao longo da nossa vida.

E assim vamos produzindo cada vez mais lixo. O consumismo desenfreado dos dias de hoje faz com que uma única pessoa produza toneladas e mais toneladas de lixo, lixo este que - SIM - precisa de um lugar físico pra ser armazenado, e que - SIM - ocupa lugar no espaço, aliás ocupa cada vez mais espaço, nos trazendo para o cenário atual: à beira do caos.

Dizem os especialistas que ainda há esperança, que ainda há salvação. Confesso que tenho lá minhas dúvidas, mas já que eu vivo neste mundo e, portanto, ele é um pouquinho meu, então eu vou fazer a minha parte, vou cuidar do que eu puder cuidar, vou tentar diminuir o espaço que meu lixo ocupa no Planeta e tentar preservar o restinho de qualidade de vida que nos resta.

Na verdade tenho colocado isso em prática há muito tempo, mas preciso dizer que é um trabalho de formiguinha que só vai ter o poder de sustentar o formigueiro inteiro se contar com a colaboração de outras formigas-operárias como eu, que proponham-se a refletir sobre o mundo que deixaremos para nossos filhos, netos, bisnetos, ...

E é aí que entra a Reciclagem, talvez como prinicpal alternativa para este problema da sustentabilidade. Porque, é claro, cada lixo reciclado é um corpo a menos ocupando espaço nos lixões, aterros, rios e mares por aí. E cada lixo reutilizado significa, em larga escala, uma árvore a menos derrubada nas nossas florestas.

"Nossa, Dona Farta, agora você descobriu a abóbora!!!" ha-ha-ha-ha-ha...

Claro, nada do que escrevi acima é novidade. Todo mundo está cansado de saber da importância de cuidarmos do nosso Planeta, da importância de diminuirmos o consumo, o lixo, da importância de reciclarmos tudo o que for possível... todo mundo sabe tudo. A pergunta é: Você tem feito a sua parte?

Espero que sim! Nem sempre é fácil fazer a nossa parte porque lamentavelmente nossos governantes ainda não vêem esta questão como primordial, então muitos lugares ainda são desprovidos de coleta seletiva de lixo (como a cidade onde moro, por exemplo), muitas indústrias não desenvolvem alternativas para o uso de materiais recicláveis, centros comerciais não disponibilizam recipientes adequados para a separação do lixo, enfim... Mesmo com boa intenção, fazer a nossa parte às vezes requer muito mais do que vontade, e é por isso que devemos estar sempre atentos, para não cairmos na tentação de simplesmente deixar pra lá.

Consciência ecológica é uma questão fundamental da atualidade. E me deixa muito feliz perceber que alguns colégios - como o colégio onde meu filho estuda - têm apresentado essa preocupação ao desenvolver o assunto com as crianças desde muito novinhas, têm se empenhado em transmitir aos pequenos a importância de tornarmos o mundo sustentável, e os resultados são sempre muito positivos, porque é nessa fase que o verdadeiro cidadão se forma, e se uma criança conseguir compreender de verdade a importância de um ensinamento, carregalo-á por toda a vida como uma verdade absoluta, e aí sim teremos chances muito mais reais melhorar o Mundo.

No último sábado foi realizada a "Feira Cultural" lá no Colégio Nossa Senhora da Misericórdia. O tema trabalhado pela turminha do Lucas foi justamente este - a Reciclagem, e é impressionante ver como os baixinhos absorveram a essência do assunto, como estavam cheios de razão em cada explicação que davam aos visitantes da feira, como estavam de fato empenhados em mostrar para todo mundo a importância da reciclagem.

O Lucas é tão defensor da reciclagem que vive pegando no meu pé aqui em casa. Às vezes passa uma coisinha ou outra e eu cometo meus deslizes, mas se ele vê algo reciclável no lixo comum não se faz de rogado: vai lá, pega o lixo, separa (às vezes junta tudo debaixo da cama dele), e ainda me dá a maior bronca. Discursa horas e horas sobre como é importante salvar o Planeta, sobre como alguns materiais demoram pra se decompor na natureza, sobre como é importante cada um fazer a sua parte, e a gente fica de cara no chão, sem nenhum argumento pra rebater suas colocações tão conscientes.

Fico toda orgulhosa. Porque antes de qualquer outra coisa quero que meu filho seja um cidadão admirável, consciente dos seus direitos e deveres, e pra isso ele já está no caminho certo! Um dia ainda vou gravar um vídeo dele falando sobre a preservação da natureza e posto aqui pra vocês. Por enquanto, fiquem com algumas fotos da Feira Cultural:


Vamos Salvar o Planeta?



Nosso trabalho para a exposição: Porta-Trecos confeccionado com caixinhas TetraPark




Lucas explicando as cores dos recipientes coletores de lixo reciclável. Lindo da mãe!


Nós




Grande Tina! Uma vez Prô, sempre Prô!




Mamãe babona (grande novidade! rsrs)




E, num outro momento da Feira Cultural, lá está o pequeno cientista desvendando mais algum mistério do Universo... Vocês não têm noção "do que é" o Lucas explicando o que são microorganismos... impagável! Esse garoto vai longe!

domingo, 26 de outubro de 2008

A difícil arte de gastar dinheiro

Toda mulher AMA fazer compras. Pelo menos todas as mulheres que eu conheço amam, e se isso não fosse uma verdade absoluta não seria motivo de piadas, discussões, conflitos entre casais, matérias de revistas femininas, etc etc etc.

Fazer compras é também uma terapia, uma excelente forma de espairecer, esquecer temporariamente os problemas, desestressar, aliviar a tensão. Aliás, é um dos nossos assuntos preferidos, e se encontramos uma penchincha ou fazemos uma excelente aquisição, o primeiro impulso é correr e ligar pra uma amiga próxima pra dividir a conquista.

Comigo não é diferente. Adoro fazer compras, qualquer tipo de compras. Tenho prazer em ir todo mês ao supermercado reabastecer minha despensa, adoro quando tem algum aniversário que me serve de pretexto pra comprar um presente bem bacana, da mesma forma que amo, é claro, comprar coisas pra mim mesma, especialmente sapatos e roupas. Até aí, nenhuma novidade.

Entretanto, para mulheres FARTAS como eu a questão não fica apenas no terreno do prazer. Para mulheres fartas fazer compras de roupas pode se transformar numa totura sem fim, e eu tenho certeza que todas as minhas amigas curvilíneas, picanhudas e detentoras de excesso de gostosura compartilham desta opinião.

Este post pretende ser leve e divertido (se é que isso é possível), e eu não quero fazer do tema assunto para discussões acaloradas sobre saúde, magreza, gordura, nada disso! Mas preciso deixar claro que no meu caso, especificamente, sou a Dona Farta, agora com mais orgulho do que nunca! Fiz minhas cirurgias como a maioria das pessoas mais próximas sabe e isso tornou meu corpo mais bonito e harmonioso, mas não emagreci, não pretendo passar o resto da minha vida tentando emagrecer e provavelmente não vou emagrecer - meu objetivo é apenas não engordar e levar uma vida saudável, e isso eu já tenho colocado em prática há muito tempo, de modo que continuo sendo uma mulher grande, tamanho GG, farta, cheinha, gordinha (usem o diminutivo, por favor, que é mais gentil!), fofinha, gostosinha, e mais um monte de adjetivos que a criatividade humana nunca deixa de inventar.

Uso manequim 46/48, G ou GG, tudo depende da confecção - que todos sabemos possui padrões-não-padronizados e incompreensíveis. Não sou das mais Fartas, e eventualmente encontro roupas em lojas comuns, sem precisar recorrer às lojas de tamanhos especiais. Muitas lojas de moda feminina possuem numeração até o GG/48, e pra quem está fazendo compras, não custa perguntar se aquele modelito lindo da vitrine está disponível em tamanhos maiores que o micro-P.

O problema são as vendedoras de algumas lojas. Essas malditas mal-amadas que deviam ser trancafiadas em algum trabalho no sub-solo de alguma indústria, bem distante do contato com o público. Essas preconceituosas magrelas - e geralmente feias, bem feias - que adoram pisar na auto-estima de uma gordinha e humilhá-la na primeira oportunidade, dizendo coisas do tipo: "Aqui só trabalhamos com manequim normal".

Manequim "normal"? E desde quando usar um tamanho grande é anormal? Anormal, minha filha, é ser mal educada e grosseira! Isso sim, é anormal!

Nem sempre a humilhação vem em forma de grosseria. Às vezes vem disfarçada de cordialidade, uma cordialidade meio irônica, o que já me deixou com vontade de fazer certas Fulanas sentirem o verdadeiro PESO da minha mão farta... Até hoje me controlei, mas não posso garantir isso pra sempre, né?

Outro dia estava em Santos, dando uma volta no Shopping de lá. Descobri uma loja bárbara, só de vestidos (adoro vestidos!) pra todas as ocasiões, desde vestidos de verão para se usar no dia-a-dia até vestidos de festa, tudo de muito bom gosto, um vestido mais lindo que o outro.

Entrei na loja e fiquei fuçando as araras, não pretendia comprar nada especificamente, mas se eu encontrasse alguma coisa que fosse amor à primeira vista, né, talvez fizesse uma comprinha... geralmente é assim que a coisa funciona com as mulheres, comprinhas de oportunidade. Estava encantada com os vestidos, os tecidos, as estampas, os cortes. Enquanto vasculhava, percebi que tinha bastante coisa no tamanho G, e alguns certamente caberiam em mim. Talvez eu os provasse depois, estava pensando, quando fui interpelada por uma supostamente simpática vendedora:

"_ Posso ajudá-la, senhora?"

Estava dando a tradicional resposta "Estou dando uma olhadinha", quando fui interrompida com a seguinte frase:

"_ Se a senhora gostar de alguma coisa e quiser provar posso verificar se temos na numeração extra-grande. Alguns modelos nós também temos em tamanhos especiais!"

Pensem numa brochada. Brochei total. Não é por nada não, mas desde quando a vendedora tem autorização para sugerir o tamanho que eu quero provar, se eu nem sequer tinha pedido pra provar nada??? Que tipo de treinamento essas infelizes recebem? "Como humilhar uma gordinha em 10 lições"? Deve ser...

Não tenho idéia se o tamanho G da loja serviria em mim ou não. Também não sei se eu efetivamente compraria alguma coisa lá ou não, mas com certeza eu estava a fim de provar alguns modelos, e desisti da idéia na hora em que a mulherzinha me ofereceu apenas os tamanhos extra-grandes.

Porque eu tenho vergonha de às vezes usar o tamanho GG? Não, não é isso! A questão é que parece que as pessoas acham que a gente não tem espelho em casa, que não tem consciência do próprio tamanho, e que por sermos mais fartas do que as outras precisamos ser lembradas disso o tempo todo. E, não, obrigada, não precisamos!

Como eu falei, temos espelho em casa. Eu sei exatamente o meu tamanho, conheço minhas medidas, sei que alguns tipos de roupa definitivamente não foram feitos pra mim da mesma forma que me sinto no direito de tentar tantos outros. Qual o problema nisso?

E qual o problema que essas vendedorazinhas medíocres têm em respeitar o direito das mais fartas de tentar provar ou usar um determinado tipo de roupa? A gente entra no provador e às vezes a roupa não passa nem no pensamento, isso é comum, normal, acontece, e quem é cheinha sabe muito bem que nessa hora o jeito é vestir de volta sua roupa, agradecer a vendedora e continuar na busca por uma roupa legal que lhe caiba. Simples assim, sem a necessidade de humilhações ou constrangimentos em público que são totalmente desnecessários.

Esses episódios acontecem sempre, e eu fico espantada que algumas lojas continuem excluindo um público que é cada vez maior - porque além de o número de gordinhas aumentar gradativamente, também temos que considerar que as confeções encolheram como roupa de má qualidade após a lavagem, de modo que o que antigamente era manequim 42 hoje em dia é 46, e assim por diante.

Falo isso e provo pra quem quiser. Tenho uma velha calça jeans nº 44 que me serve até hoje. Só que se eu for em qualquer loja da mesma marca em questão hoje, tenho que comprar a nº 48, e olhe lá. Como se explica algo assim? As confecções diminuíram sim, e isso não é papo de gordinha, ok?

Mas não é essa a questão. Eu não tenho o menor problema em comprar roupa em lojas de tamanhos "normais" ou "especiais". Isso pra mim, de verdade, não importa. O que me importa é comprar roupas legais, que me façam me sentir bonita, atraente, elegante. Se vou comprar a tal roupa no tamanho G, GG, Extra-G, Super-Mega-G, ou seja lá qual superlativo for, não estou nem aí. Não ando por aí com a etiqueta de tamanho da roupa estampada no peito, e ninguém tem nada a ver com o meu número.

Uma vez eu estava numa loja de "tchutchucas". Entenda-se por loja de "tchutchuca" aquelas lojas de moda jovem, onde as roupas são destinadas a um público adolescente e, consequentemente, têm um corte ainda menor do que o das outras lojas. Obviamente, não estava procurando nada pra mim, mas um presente que daria para um mocinha que estava para completar 14 anos, e que eu sabia que era fã daquela tal marca.

Fiquei na loja uns 5 minutos revirando as araras, e quando cheguei à arara dos jeans uma vendedora me abordou com um ar meios esnobe e mandou a seguinte frase:

"_ Senhora, estes são nossos jeans da coleção sei-lá-o-que, mas nesta linha só trabalhamos até o manequim 44."

Respirei fundo. A vontade era largar tudo lá e sair da loja, mas não resisti:

"_ Tudo bem, querida. Mas quem perguntou alguma coisa sobre numeração aqui? Ainda não solicitei sua opinião, pode me dar licença?"

E a moça:

"_ Ah, senhora, desculpe. Eu estava explicando porque dá pra ver que a senhora usa um número maior, então eu só quis esclarecer..."

Gente, como assim? Esclarecer o que, o meu próprio tamanho? Será que a Fulaninha achou que eu fosse tão sem noção ao ponto de imaginar que aquelas roupas minúsculas caberiam em mim? Será que era mesmo necessário que uma pessoa que eu nunca vi na minha vida me abordasse numa loja, em público, pra me lembrar que aquele tipo de roupa não era pra mim?

Desnecessário, né, minha gente?

Eu até imagino que deve mesmo existir uma ou outra gordinha com um pouco menos de noção e que por isso eventualmente requisite roupas que não lhe cabem, mas e daí? É proibido tentar? É proibido ter vontade de ter uma determinada roupa? É proibido usar número grande?

Quantas e quantas compras eu já deixei de fazer por causa disso. Quanta grana de comissão muita vendedora imbecil já deixou de ganhar graças a mim. Coitadas... estão condenadas à renda pífia de seu próprio desempenho medíocre. E as lojas que contratam esse tipo de gente, por sua vez, estão condenadas à perda gradativa de clientela.

Porque eu quase nunca volto a uma loja assim. E ainda faço propaganda contra.

Não estou aqui dizendo que a vendedora tem que ser mentirosa e forçar você a vestir uma coisa que não lhe serve ou não lhe cai bem, não é isso. Esse tipo de vendedora, aliás, também é um saco, e ninguém gosta. Mas é preciso que exista um meio termo, e ele deve começar com a isenção de opiniões das vendedoras quanto ao tamanho da cliente, a menos que tal opinião seja solicitada.

Por ter passado por tantas experiências ruins como as que descrevi acima, tenho um certo freio com relação a algumas lojas. Às vezes paro em frente a uma vitrine e fico lá, paquerando uma roupa. Fico imaginando se tem ou não no meu tamanho, mas nem entro pra perguntar com medo da resposta. Não medo de que a vendedora diga que não tem tamanho GG, mas com medo de que a vendedora diga "Aqui só trabalhamos até o G, senhora!", antes mesmo de eu perguntar, como forma de se livrar de mim.

Percebam que são duas formas distintas de se dizer a mesma coisa. A diferença é bem sutil, mas tem um peso enorme. Já me aconteceu de entrar nuam dessas lojas, perguntar: "Vocês têm esta peça até que tamanho?", e a vendedora simplesmente dizer: "Este modelo temos até o G". Daí, diante da minha cara de frustração, a vendedora perguntar: "Que tamanho a senhora está procurando?", e eu responder que pra mim provavelmente teria que ser o GG, e a vendedora sugerir: "Ah, mas a senhora não quer tentar o G? Talvez lhe sirva! Experimente!".

Vejam que a vendedora não me adulou nem me disse que com certeza serviria, ela apenas me sugeriu tentar, sem dar sua própria opinião sobre o meu tamanho. E, acreditem, muitas vezes o negócio deu certo, porque nessas tentativas já aconteceu de o tamanho G servir, então ficou todo mundo feliz, a vendedora que concretizou a venda e ganhou sua comissão, e eu que comprei uma roupa bacana que em outra loja, com outro atendimento, nem teria conseguido provar.

O fato é que comprar roupas para pessoas Fartas não é um simples prazer como para qualquer outra mortal. É uma aventura, cheia de vilões e emboscadas pelo caminho, mas às vezes no final encontramos gratas surpresas, e graças a isso ainda não precisei aderir ao naturismo, e ainda consigo me vestir com alguma classe e decência. Só que está cada dia mais difícil.

As lojas que confecionam roupas em tamanhos maiores nem sempre adotam bom gosto como premissa, lamentavelmente. Algumas dessas lojas possuem roupas tão mal cortadas e modeladas que mais parecem capas de botijão de gás, roupas que ficam feias em qualquer mulher, pese ela 80, 100, 200 ou 300 quilos. Roupas que são feitas exclusivamente com o intuito de cobrir um monte de carne, sem permitir à mulher maior que mostre o que tem de bonito, que valorize seus melhores ângulos, enfim, roupas humilhantes.

Muito injusto, como se a moda - que sempre propagam tão democrática - fosse um privilégio de um pequeno grupo de pessoas de formas supostamente perfeitas (considerando-se aqui que eu protesto veementemente contra essas tais formas perfeitamente esquálidas e sem graça, principalmente quando essas formas são consideradas padrão de beleza).

Ainda bem que aos poucos isso vai mudando, e uma nova esperança vai despontando. Já existe aqui e ali uma ou outra loja mais preparada para a diversidade do público feminino. Algumas especializadas em roupas para gordinhas, sem adotar aquela linhagem careta e disforme, como a Program e a Palank, minhas preferidas aqui em São Paulo (se alguém tiver outra loja legal do ramo pra me indicar, faça o favor e deixe a dica nos comentários! é sempre bom ter outras opções, né?).

Mesmo outras lojas que não são especializadas em tamanhos maiores têm melhorado a oferta de roupas com diversidade de numeração. Tenho encontrado coisas bem legais e modernas na Renner e na Zara - esta última ótima, porque adota a padronagem bem maior que a brasileira, além de ter coisas lindíssimas.

Até as lingeries mais bonitas já estão disponíveis para as mais fartas. Há uma loja aqui em São Paulo que eu recomendo de boca cheia, que é fabulosa, e que prova que a mulher farta, se bem vestida, pode ser tão ou mais sensual que qualquer outra. Trata-se da Rechonchèe, que vende coisas belíssimas tanto na loja física (agradabilíssima e de atendimento impecável), como pelo website. Um achado, que eu já recomendei para várias colegas picanhudas, e todas aprovaram. (não estou ganhando nada pela propaganda, heim!).

Tudo bem que existe o outro lado da moeda, e muita mulher mais cheinha perde um pouco da linha quando tenta entrar numa roupa 2 números menores do que o seu. A gente vê isso o tempo todo na rua, barrigas pulando pra fora da calça, pneuzinhos pulando pra fora da blusa, corpos que gritam por espaço dentro de roupas totalmente inadequadas, e por aí vai. Não sei se trata-se de falta de noção das mulheres que se vestem assim ou se elas simplesmente não encontram roupas maiores pra comprar.

Fica a dica para os empresários da moda: Eis um filão a ser explorado. Muito bem explorado.

E, pra não perder a piada ácida, tenho que dizer: Talvez essa recriminação da indústria da moda com mulheres de corpos fartos tenha sua origem no recalque de quem não tem tanta gostosura pra exibir. Sabe por quê? Porque uma mulher farta, se bem vestida, pode ser infinitamente mais atraente do que uma mulher escassa. Pergunte a qualquer homem. E tire suas próprias conclusões analisando as imagens abaixo.































Obs. 1: Todas as imagens acima foram obtidas através do Google. Os critérios utilizados na busca foram: "Mulheres Gordinhas ou Cheinhas ou Fartas ou Grandes" e "Mulheres Magras ou Esquálidas".

Obs. 2: Todas as mulheres das fotos são celebridades hollywoodianas bastante conhecidas ou então top models que desfilam para grandes marcas.

Obs. 3: Eu sei que foi meio "covardia" porque a Queen Latifah e a Jennifer Hudson são deslumbrantemente lindas, mas qualquer gordinha bem vestida / bem produzida pode ficar tão ou mais linda que elas, desde que tenhamos a roupa adequada pra arrasar, não é mesmo?

Obs. 4: Nem é uma observação, na verdade, é uma pergunta: Alguém tem o telefone dos estilistas da Queen e da Jennifer? Genteeeeeeeeee... Cada roupa lindaaaaaaaaa... Por que não encontramos essas coisas pra comprar por aqui, heim??? Humpf!

domingo, 19 de outubro de 2008

Circuito Caixa - Etapa Infantil


Hoje teve mais uma: Circuito Caixa de Corridas - Etapa Infantil, lá no Estádio do Pacaembú... e não vale dizer que "já tá ficando chato" porque cada prova é uma história, cada prova é uma conquista, é sempre uma emoção diferente.

A única coisa que não muda nunca é o sentimento dessa que vos fala... Por aqui rola sempre muito, muito orgulho! E não poderia ser diferente...


Vai, Zelão!!!


Tio Laudo e Tia Silvia, que não perdem uma!


A Família mais linda


Encontramos até o Claudinei Quirino... que legal! Como diz o Lucas, ele é um "atleta de verdade"!

Alguém me empresta um babador?



!!!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Corridaaaaaaaaaaaaa!

Este não é um "Blog de corrida" como o da minha querida amiga Jacke, mas reconheço que o assunto tem sido recorrente nos últimos posts...

Desculpem os menos interessados no assunto, sei que tem gente que entra aqui procurando as boas e velhas histórias de Dona Farta, algum relato sobre uma mancada ou um tombo, e eu prometo que logo logo desenterrarei mais algum causo pra diversão geral da nação... Mas por enquanto, dada a correria absoluta dos últimos dias, dada a minha total falta de inspiração e coragem pra escrever direitinho, só me resta contar pra vocês aquilo que já nem é mais novidade:

Que meu filho lindo ganhou mais uma medalha no último sábado, dia 11 de Outubro, dessa vez participando da 9ª Corrida Pão de Açúcar Kids, lá no Complexo Esportivo do Ibirapuera.



Como sempre foi uma manhã deliciosa... aquele congestionamento de pais e filhos afoitos pela sua vez na pista de atletismo, aquela energia incrível rolando solta, aquele astral que só os pequenos conseguem nos transmitir, aquela delícia de sempre que é babar a cria e pagar mico gritando, torcendo, se descabelando, tudo como forma de incentivar a melhor performance dos pequenos ateltas.

E o Lucas, já veteraníssimo nessa prova PA Kids, correu tranquilo, no ritmo dele, curtindo cada centímetro da pista, sorrindo, gigando, levantando a galera, como sempre... Minha vontade depois que ele corre sempre é pular lá no meio da pista e ficar gritando: "Fui eu que fiz! Fui eu que fiz!".


Bom demais! As imagens falam por si!



Ah, sim, e já que estamos no tema corrida, não posso deixar de registrar aqui o outro grande motivo de orgulho do final de semana: Minha irmã-atleta-cheia-de-talento Silvia e meu cunhado Laudo zarparam para o Rio de Janeiro no último final de semana, onde participaram no domingo de manhã da "Meia Maratona Internacional do Rio de Janeiro".

21 km debaixo do Sol escaldante do "Rio 40 Graus"... 21 km de muita garra, perseverança, dedicação. Confesso que estava preocupada porque uma meia-maratona não é qualquer provinha de 5 km, e tinha muito medo que eles se machucassem ou não aguentassem o Sol, enfim... Estava aqui em casa apreensiva, e respirei aliviadíssima quando eles telefonaram, logo depois que concluíram a prova, reclamando muito do cansaço mas deixando transparecer na voz aquela satisfação incontrolável por terem conseguido ir até o fim.

Meus orgulhos! Minhas fontes de inspiração! Não vou dizer que um dia chego lá porque é pretensão demais da minha parte, mas é bom demais ter um exemplo assim pra seguir... dá um ânimo enorme pra continuar tentando, melhorando, evoluindo...

Porque na vida a gente sempre precisa de exemplos, e eu sou a pessoa mais privilegiada do mundo, já que os meus melhores exemplos vêm de dentro da minha própria família, das pessoas que mais amo nessa vida!



Parabéns, irmã! Parabéns, Cunhado! Vocês são tudo de bom!!!

domingo, 12 de outubro de 2008

Dia de tudo que há de bom!

Diálogo de uma manhã de domingo:

Filho: Mamãe, já amanheceu?
Mãe: Sim, filho, já é manhã... Bom Dia!
Filho: Êba! Bom Dia, mamãe... mas hoje é um dia muito especial!
Mãe: É mesmo? E por que hoje é um dia tão especial?
Filho: Ué, porque hoje é o MEU dia! Hoje eu posso fazer tudo que eu quiser!
Mãe: É verdade filho, hoje é seu dia... Feliz Dia das Crianças! Mas quem foi que disse que você pode fazer assim, tudo que quiser?
Filho: Ah, eu posso fazer tudo que eu quiser porque é o Dia das Crianças, e as Crianças são pessoas muito especiais que trazem muita felicidade para o mundo!

Taí uma verdade! E que bom que meu filho sabe disso... Sem sombra de dúvidas, o mundo se tornou um lugar infinitamente melhor desde que ele chegou, e só então a minha vida passou a ter um verdadeiro sentido.

Hoje é o Dia das Crianças... independentemente de ser ou não uma data puramente comercial, o que vale é celebrar a existência dessas criaturinhas que tantas alegrias trazem para nossas vidas, é celebrar a vida dos pequenos sempre tão cheios de energia, sempre tão sabidos, curiosos e criativos, sempre tão verdadeiros e dotados daquela pureza que seria capaz de mudar o mundo!

Pena que eles crescem, e crescem rápido... Ah, essas crias!


Feliz Dia das Crianças

não só para os pequenos como também para todos os grandinhos que procuram manter sempre viva a criança que um dia foram... E vamos brincar!



Ele é ou não é TUDO DE BOM???

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Músicas que me inspiram - Parte X


Pra quem andou reclamando que as músicas que me inspiram são sempre velharias, venho aqui hoje, inspiradíssima, provar o contrário:




"...E a gente caminhando de mão dada de qualquer maneira...
Eu quero que esse momento dure a vida inteira..."


Tudo a ver com meu momento atual. Definitivamente eu QUERO que esse momento dure A VIDA INTEIRA!

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E já que chegamos ao post nº 10 da Série "Músicas que me Inspiram", seguem de brinde os links dos 9 posts anteriores, para quem quiser curtir uma sessão musical no mínimo interessante! Enjoy!

Parte I - Fragile / Sting
Parte II - Girl you´ll be a woman... soon / Urge Overkill
Parte III - Clocks / Coldplay
Parte IV - Timoneiro / Paulinho da Viola
Parte V - Tarde em Itapuã / Vinícius de Moraes
Parte VI - Várias / Gipsy Kings
Parte VII - Ain´t no Mountain High Enough / Marvin Gaye & Tammi Terrell
Parte VIII - Menudos e New Kids On The Block
Parte IX - Músicas para dançar de rostinho colado

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Festas, Corrida e Fotos

Este final de semana bombou... e considerando que eu nem estou em condições de sassaricar tanto por aí, até que aproveitei muito (talvez abusando um tantinho além da conta, mas abafa!).

Tudo começou na sexta-feira, quando saímos só em família para a primeira parte das comemorações do aniversário da minha irmã Silvia. Pra não fugir à regra, lá fomos nós para um restaurante japonês "enfiar o pé na jaca", comer muito, tagarelar muito, e dar muita risada...


Como ainda estou em reclusão pós-cirúrgica (faz apenas 1 semana que passei pela 2ª cirurgia), e como não posso levantar o braço, tornou-se um caos fazer até as coisas mais simples, como pentear o cabelo ou vestir uma roupa. Isso me deixa estressadíssima, mas faz parte, e assim mesmo, meio descabelada, é que dei minha primeira peruada da semana fora de casa, e foi muito bom respirar outros ares... Adorei!

Já no sábado tivemos a "festa oficial" da Silvia, e mais uma vez fugi do repouso para dar uma badaladinha básica. Festinha íntima apenas para poucas pessoas próximas, no salão de festas do prédio dela, tudo organizado com muito carinho, decoraçãozinha fofa, comidinhas gostosas, música agradável e até show de mágica (uma surpresa pra todos os convidados). Foi muito especial, muito divertido.


Mas como agito pouco é bobagem, e como nós somos ligados no 220v, mesmo depois de uma festinha animada no sábado à noite, domingo nós madrugamos porque era dia de vida saudável, dia de esporte, dia de corrida do nosso pequeno atleta, mais um daqueles dias pra lá de especiais.

Dessa vez o Lucas estreou numa prova da qual ainda não tinha participado, a Corrida Iguatemi Kids Run, que é realizada no estacionamento do Shopping Iguatemi aqui em Sampa.


Uma prova bem diferente das outras que estamos acostumados a participar, porque tem um número bem menor de inscritos, mas é uma prova super organizada, havia uma linda tenda montada com muitas atividades bacanas para os pequenos se distraírem antes de correr, além de um delicioso breakfast servido aos acompanhantes, e nós aproveitamos muuuuito! hehe!


Foi bem legal... o Lucas se divertiu horrores, como sempre correu cheio de estilo, tirando a maior onda, fez sucesso e foi aplaudido por toda a platéia encantada com a sua ginga, e nós (pais e tios babões) ficamos super orgulhosos por mais essa experiência!


Valeu, filhão! Você é nosso orgulho!

E semana que vem tem mais, porque vida de atleta importante é assim mesmo... uma emoção atrás da outra! Aguardem!
UPDATE
Acabei de descobrir, no site do KidsRun, um vídeo que contém, dentre outras cenas lindas da corrida, as imagens da chegada do meu filhote, lindo demais! Babem comigo!


Veja mais fotos e vídeos de esportes >>



*** Esse post vai com um beijo especial do Lucas para a Tia Fernanda Perrú, leitora assídua aqui do Blog que sempre vibra muito com as notícias do nosso pequeno atleta. Fê, eu contei para o Lucas que ele tem uma fã aí no Rio, e ele disse que quer ir correr uma prova aí então, porque assim você pode vê-lo pessoalmente! hehehe... Quem sabe um dia, né? Beijão!

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Dia da minha maninha Nº 1

Ela não podia ter nascido em outro mês que não fosse o "Mês das Crianças".

Ela não podia trabalhar com outra coisa que não fosse Educação Física.

Ela não podia ser classificada por seus alunos de outra forma que não fosse "a melhor".

Ela é minha irmã Nº 1, também conhecida como SILVIA, a fera, a super profissional, a super atleta, a super tia, irmã cuidadosa e generosa, filha dedicada e amorosa, amiga companheira e muito querida, enfim, um ser humano da melhor qualidade, uma pessoa pra lá de especial.

E hoje é o dia dela!



Hoje ela completa mais uma primavera e, claro, eu não poderia deixar de vir aqui no meu cantinho deixar registrada minha humilde porém muito sincera homenagem.

Não é novidade pra ninguém que eu tenho absoluta adoração pelas minhas irmãs. E mantenho com elas uma relação lindíssima que sempre foi muito forte, e se fortaleceu ainda mais nos últimos anos, depois que passamos juntas por tantas e tantas e tantas provações e dores.

Mas também foi com as minhas irmãs que vivi as emoções mais fortes, elas sempre estiveram ali, do meu lado, nas horas mais importantes, e sempre me estenderam a mão em apoio, mesmo que eu não estivesse exatamente sendo um exemplo de bom comportamento.

Eu e a Silvia temos apenas 1 ano e alguns meses de diferença de idade, então ingressamos na escola mais ou menos na mesma época, passamos pela adolescência juntas, fomos sempre muito companheiras. Esse "grude" nos rendeu muitas histórias hilárias, algumas memoráveis.

Nossas peripécias começaram na infância, época que foi marcada pela surreal História do Caroço de Ameixa. Nessa época éramos muito parecidas, e nossa mãe tinha o hábito de nos vestir com roupas iguais, então sempre que saíamos pra passear aparecia alguém pra perguntar se éramos gêmeas, e muuuuuuitas vezes nós mentíamos que sim.

Apesar da semelhança física, havia - como de fato há até hoje - uma enorme diferença entre nós. Ela sempre foi anos-luz mais ágil e esperta do que eu, e algumas vezes isso me fazia chorar, mas tudo bem. Faz parte. hehe!

Quando saíamos de trem, por exemplo (isso com 5, 6 anos de idade), a Silvia se pendurava naquele ferro em que as pessoas que vão em pé seguram, e fazia praticamente uma apresentação de ginástica artística, ficava lá, girando e girando, pulando de lá pra cá, e eu tinha muita raiva porque nunca nem consegui me segurar naquele negócio, muito menos passar de uma barra pra outra com a agilidade que ela tinha.

Estudamos o 1º Grau também na mesma escola, eu estava sempre um ano à frente dela, mas era ela quem estava sempre cuidando de mim, era frequente que outros alunos fossem chamá-la para me acudir quando eu caía e abria o maior berreiro no meio do páteo da escola (lembram da história da Máquina Humana?).

Quando nossa escola montou um time de vôley para participar do campeonato do Sesi, adivinhem quem era titular do time? ELA. E a reserva (prêmio de consolação)? Eu, é claro!

Mas além dos dotes físicos de atleta, a Silvia também sempre foi muito, muito, muuuuuuuuito inteligente. Ela prestou vestibulinho pra fazer o curso técnico num escola pública e conseguiu a vaga. Depois, prestou vestibular pra fazer Educação Física na UNESP e também passou, e esses fatos falam por si, não é mesmo?



Além de tudo isso, a Silvia também é a melhor tia do mundo. O Lucas tem simplesmente ADORAÇÃO por ela, e eu sei que isso é recíproco. A Tia Silvia é a tia das aventuras, das brincadeiras de moleque, é aquela tia que não perde uma apresentação dele no colégio, que não perde um único evento, que leva ele pra fazer programas diferentes, que dá os bons exemplos, enfim... é a tia que qualquer criança gostaria de ter. Somos mesmo muito privilegiados!


Histórias pra contar eu tenho muitas, mas o melhor é saber que ainda temos um longo livro em branco pela frente, onde escreveremos nossa história pelos anos que virão, e com certeza serão histórias incríveis, porque estamos aqui falando de uma pessoa INCRÍVEL!

Eu me orgulho muito de você, irmã! Jamais poderei agradecer tudo o que você já fez por mim nessa vida, jamais terei condições de retribuir sua generosidade e dedicação, mas saiba que, humildemente, farei sempre o melhor que puder pra te ver feliz, pra te ver realizada, pra poder aplaudir de pé o seu sucesso!


Feliz Aniversário!


Te Amo Muito, Muito, Muuuuuuuuito Mesmo!




E faça o favor de ser muito feliz,
porque se tem uma pessoa nessa vida que merece,
essa pessoa é você!

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

A História de um Reencontro

Depois de um longo e tenebroso inverno estou de volta para contar mais uma daquelas histórias absolutamente emocionantes, divertidas e surreais, que só acontecem comigo!
E pra não fugir à regra, trata-se de mais uma looooooonnnga história, porque né, vocês sabem: pra contar que o gatinho morreu eu PRECISO primeiro contar COMO ele subiu no telhado, e isso, bem.... isso leva algum tempo. Mas vale à pena, eu garanto!

Enjoy-it!

Transporte-mo-nos, pois, no túnel do tempo, direto para o início dos anos 90. Eu tinha cerca de 15 anos de idade, já levava uma vida de gente grande, trabalhava durante o dia todo e saía do trabalho direto para o Colégio, que eu cursava no período noturno.

Fiz o segundo-grau - na época chamado simplesmente de "colegial" - técnico em Administração de Empresas (sim, amigos, entendo t-u-d-o sobre as teorias de Taylor e Fayal), uma prática comum na época para que ganhássemos algum tempo na nossa formação profissional.

***(abre parênteses)***
Só pra constar, foi no curso técnico que eu descobri que queria ser Advogada. Eu tinha "Teoria Geral do Direito" como matéria, e mesmo com um professor de estilo meio duvidoso, que tinha um jeitão "adÊvogado" de ser, ainda assim me apaixonei pela advocacia. O curioso é que, já que estou falando sobre reencontro neste post, lembrei agora que reencontei o tal professor há alguns meses, quando fui consultar um processo no Fórum da Lapa. Ele estava no balcão aguardando atendimento, de repente puxou um assunto qualquer comigo, e quando observei mais atentamente aquele jeitão meio desalinhado, de falar meio errado e um pouco alto demais, logo percebi que estava diante do Dotô que muitos anos antes me apresentou ao mundo do qual vivo hoje. Eu disse pra ele que fora sua aluna no passado, ele disse se lembrar vagamente da minha turma, e quando se deu conta de que eu me tornei uma colega Advogada (sem o Ê, por favor!), ficou todo orgulhoso... Legal, né?
***(fecha parênteses)***


Eu estudava no Colégio Módulo, um tradicional colégio do bairro da Lapa aqui em São Paulo, que na época era meio "especializado" em cursos técnicos. Tinha concluído o Primeiro Grau há pouco tempo numa escola pequena de Carapicuíba (o bom e velho Sesi sobre o qual já falei tanto aqui), era muito novinha e absolutamente ingênua, e aquele mundo agitado de ficar fora de casa o dia inteiro, estudar à noite, num colégio grande, com tanto movimento, era uma novidade absoluta com a qual eu demorei um pouco pra me acostumar.

Tínhamos uma turma de meninas da minha classe do curso Técnico de Administração que logo se identificou e ali era meu porto seguro. Éramos o TCP - Turma do Cantinho do Poeta, mas explicações sobre este nome exigem um post próprio que eu prometo para breve. Estávamos sempre juntas, descíamos juntas para o intervalo, uma cuidava da outra, e eu era de longe, só pra variar, a mais "tchonga" da turma, a mais novinha, a mais tontinha, a mais comportada, etc e tal. (mas, afinal, toda boa turma de escola precisa ter um nerd como membro, não é não?). E como se não bastasse, eu também era a única que morava mais longe, em Caracas City (de onde não consegui sair até hoje, infelizmente).

Pra quem não é de Sampa e não entende a geografia envolvida, Carapicuíba é um município da Grande São Paulo, e o colégio ficava na Capital. O melhor jeito de voltar pra casa altas horas da noite era no bom e velho Trenzão, que entre as estações Lapa e Carapicuíba demorava cerca de 30 minutos (e depois eu ainda precisava pegar um outro ônibus até a minha casa, mais uns 20 minutos... vida dura, desde cedo!).

O Colégio ficava a uns 15 minutos (à pé) da estação de trem, então quando saíamos da aula, por volta das 23h00, descíamos em uma grande turma rumo à "Lapa de Baixo", mas a turma ia diminuindo durante o caminho, já que a maioria morava nos arredores e ficava nos pontos de ônibus mais próximos. Até a estação de trem mesmo iam apenas meia dúzia de gatos pingados, que eu fui conhecendo de vista, mas nenhum era da minha classe, ninguém da minha turma que fosse realmente uma companhia.

Entretanto, nada como o tempo pra tornar evidentes afinidades - as óbvias e as nem tão óbvias. Mesmo eu sendo uma menininha muito bobinha e ingênua na época, o fato é que eu sempre fui e sempre serei uma "Drag Queen em corpo de Mulher". Nem sempre isso era absolutamente evidente pra que me conhecesse à primeira vista, mas meu lado perua é tão tão tão tão tão perua que desde muito novinha eu sempre atraí pessoas com essa característica, porque afinidade é isso, é algo que a gente não força, que simplesmente acontece.

Então, depois de algum tempo de rotina de sair do colégio / descer à pé para a estação / esperar o trem na estação / embarcar no trem rumo à Caracas, acabei me aproximando de um garoto que tinha a mesma rotina todos os dias, estudava também no Módulo onde fazia o Curso Técnico de Eletrônica - o Marquinho.

Uma FIGURAÇA, no mais abrangente sentido da palavra. Uma pessoa que jamais passaria desapercebido, um luxo, um escândalo, uma coisa! Ele tinha mais ou menos a mesma idade que eu, mas tinha uma personalidade que me deixava extasiada. Negro, bem magro, muito alto, absolutamente senhor de si, absolutamente seguro, absolutamente autêntico, absolutamente divertido, absolutamente corajoso por assumir seu jeito de ser numa época em que haviam tantos e tantos tabus. Uma companhia que se tornou imediatamente fundamental.

Voltávamos juntos todos os dias. Ele logo se tornou amigo também das minhas amigas do TCP, e era a nossa diversão... Contava cada história! Uma história particularmente é inesquecível, e toda vez que eu vejo a Xuxa eu lembro do dia em que o Marquinho nos contou - e teatralizou - suas emoções quando esteve no primeiro Show da Xuxa de sua vida... eu jamais saberia contar essa história do jeito dele, mas dou muita risada só de lembrar... memorável.


***(abre parênteses)***
Éramos adolescentes com não mais do que 15 anos, adolescentes numa época em que era legal ser adolescente, numa época em que não precisávamos ser chatos e insuportáveis só por sermos adolescentes, numa época em que não precisávamos ser felizes demais ou tristes demais pra fazer tipo, não precisávamos gostar de bandinhas de pseudo-rock ruins só pra ser aceitos, não precisávamos seguir modismos e padrões, podíamos apenas ser nós mesmos, com todas as nossas virtudes e todos os nossos defeitos.
Levávamos vida de gente grande, com responsabilidades de trabalhar duro o dia todo, pagar o colégio, estudar, obter resultados, andar de trem altas horas da noite, cumprir horários, mas isso nunca nos tornou melhores ou piores do que ninguém, isso apenas nos tornou pessoas responsáveis e comprometidas com o nosso próprio futuro, conscientes da realidade do Mundo, e não alienados como infelizmente é a maioria dos adolescentes de hoje em dia (eu disse maioria e não todos, ok?).
***(fecha parênteses)***


Desde que o Marquinho se tornou minha companhia diária na volta pra casa no final da noite, essa viagem passou a ser muito mais prazerosa. Chamávamos a atenção no trem porque era todo dia aquele papo inflamado, afetado, exagerado, empolgado. Assunto sem fim para um tempo insuficiente, como sempre acontece quando estamos com pessoas que nos agradam, com pessoas queridas. Foram muitas e muitas e muitas emoções.

Mas os anos passaram, chegamos ao final do curso, todo mundo se formando, planjenando o vestibular, e então chegou o dia de dizer adeus. Porque aquela era uma época em que não existia telefone celular, eu mesma não tinha nem telefone fixo em casa, não existia orkut nem mesmo internet pra facilitar o contato, então o único jeito de se manter contato seria pessoalmente ou via correios, mas a vida adulta é cruel e trata de nos impedir de fazer até mesmo essas coisas simples muito rapidamente.

Já não existiam mais as viagens de volta pra casa na companhia do Marquinho. Cada um seguiu seu caminho, eu fui pra Faculdade, mudei de emprego, mudei de rotina, e o rolo compressor da vida logo transformou meu grande amigo em apenas uma lembrança distante e agradável. Até tínhamos o endereço um do outro, mas a intenção de manter contato foi sumindo na mesma medida em que uma certa palavrinha - CORRERIA - passou a fazer parte do nosso vocabulário adulto. E nunca mais nos encontramos.

Voltemos então pelo túnel do tempo, aos nossso atribulados dias de hoje.

Algumas pessoas são tão especiais na vida da gente que jamais esquecemos delas. E de tão especiais, existem situações, lugares, músicas, cheiros, que nos trazem essa memória à tona quando menos esperamos. E eu sempre lembro do Marquinho. Sempre.

À partir do 3º ano da faculdade, quando finalmente consegui comprar meu carrinho, passei a andar muito pouco de trem, mas sempre que isso acontecia era impossível não lembrar dos velhos tempos quando passava pela estação Lapa.

Recentemente, assistindo alguma coisa na TV, vi um trecho de um Show da Xuxa das antigas, e até comentei com o Odylo: "Tive um amigo na época do colégio que era uma figura... Tenho tanta saudade dele, queria tanto reencontrá-lo... mas não sei como, não tenho absolutamente idéia de onde ele esteja, de como encontrá-lo."

Eu inclusive já tinha procurado no Orkut várias vezes, mas como procurar o "Marquinho"? É o mesmo que procurar uma agulha no palheiro, e todas as vezes que tentei, desisti. Também tentei procurar por "Marco Aurélio", porque eu não me lembrava do sobrenome dele, mas a busca é igualmente impossível. Sem chance.

Me restavam só as lembranças deliciosas, até que...

SIM, queridos leitores, temos um "até que" nesta história, preparem-se!

Sexta-feira, dia 19 de Setembro. Como vocês sabem, foi um final de semana super especial porque fiz com meu maridão uma viagenzinha de lua-de-mel pra comemorarmos nosso aniversário de casamento. Nosso vôo de ida para Florianópolis saía no meio da tarde, então tivemos que fazer uma certa ginástica logística pra conseguir enforcar a tarde da sexta-feira.

O Odylo foi trabalhar cedinho com o carro dele, como sempre, e eu teria que deixar o Lucas no colégio antes de partir. Como não faria sentido irmos com 2 carros para o Aeroporto, deixei meu carro em casa e pedi uma carona para o meu pai para levar o Lucas no Colégio, e de lá pedi que ele me deixasse na estação de trem, porque eu iria de trem até a Vila Olímpia, onde o Odylo me pegaria para então irmos ao Aeroporto.

Tudo certo, tudo conforme o planejado. Aguardei o trem, ele chegou, embarquei, procurei o melhor banco para me acomodar, abri meu livro e liguei o Off para o mundo exterior.


***(abre parênteses)***
Andar de trem é como andar de bicicleta: a gente nunca esquece qual é o melhor banco, a melhor janela, o melhor vagão. Fazia séculos que eu não pegava um trem, mas esse processo de achar um cantinho legal é tão automático que chega a ser engraçado.
***(fecha parênteses)***


Quando a gente viaja de trem sem uma boa companhia, o melhor a se fazer é ler um bom livro. É a única coisa capaz de ajudar a passar o tempo sem que a viagem se torne um suplício. E como eu tinha umas 6 ou 8 estações pela frente até chegar ao meu destino, tinha um bom tempo pra aproveitar a leitura, e quando faço isso costumo desligar totalmente para o barulho à minha volta.

O trem lotou e partiu, e eu mal percebi. Estava lá, compenetrada na minha leitura, até que uma conversa próxima acabou por pescar minha atenção. Voltei à realidade do vagão do trem, esfreguei os olhos pra me acostumar à luz, desenrolei a coluna curvada quase como um caracol sobre o livro, dei uma espiada pela janela pra tentar me situar e ver quantas estações ainda faltavam, e então concentrei-me na tal conversa (sim, eu às vezes presto atenção na conversa alheia, e quem nunca fez isso que atire a primeira pedra!):

Duas pessoas conversavam animadamente, num tom mais alto, de modo que o papo se destacava do zunzunzun dos outros ocupantes do trem. Era uma conversa sobre viagens, sobre a Europa, sobre moda, sobre balé, uma conversa bastante peculiar, mas não foi isso que me deixou intrigada. Um dos rapazes falava mais, era quem estava contando sobre a tal viagem, e o outro rapaz apenas fazia comentários curtos entre uma pausa e outra, e aquela voz... ahhhh...

Será??? Não pode ser!!!

Estava difícil ter certeza porque o segundo rapaz - o da voz familiar - falava muito pouco, mas era praticamente impossível existirem duas pessoas no mundo com aquela mesma voz e aquele mesmíssimo jeito de falar.

Dei uma olhadela rápida para trás por cima do ombro, na esperança de ver com meus próprios olhos, mas a pessoa em questão estava sentada de costas pra mim, de modo que pude ver apenas sua nuca - negra, magra, comprida.

Será???

Também pude perceber nessa rápida olhada ao redor que praticamente todo o vagão fazia a mesma coisa que eu - prestava atenção na conversa dos moços, até porque algumas pessoas ainda se chocam ou acham curiosa a preferência sexual alheia, infelizemnte é assim.

O trem parou numa estação X, e o moço que contava a história da viagem se despediu do outro e desceu, e então fez-se um silêncio no vagão. Nesse momento, tive muita vontade de cutucar o meu "suspeito" e perguntar na caruda: "Você não é o...?". Mas quando ameacei fazer o movimento de virar pra trás, percebi que as pessoas ainda olhavam naquela direção, de modo que seu eu falasse com o rapaz isso chamaria a atenção, e aí podia não ser quem eu estava pensando, e se não fosse eu ficaria roxa de vergonha, e todos os passageiros do trem assistiriam o meu mico. Como eu sou uma pessoa que vive pagando mico, essa possibilidade me assustou um pouco, achei melhor não correr o risco.

Mas e se fosse? Eu não podia simplesmente perder essa oportunidade, não podia levar essa dúvida comigo. Decidi então levantar do meu banco e ficar em pé na frente do banco do moço, de modo que pudesse olhar bem para o seu rosto e então confirmar ou não minha suspeita. Levantei, postei-me diante do banco, o rapaz de estava de cabeça mais baixa levantou-a com o meu movimento (aquele movimento discretíssimo de elefantinha que vocês já conhecem), e então nossos olhos se cruzaram, e eu tive certeza.

Perguntei logo: "Você não é o..."

Antes que eu terminasse a frase, ele deu um salto do banco, de repente ficou de pé diante de mim aquela figura linda, negra, esguia, alta, abriu 2 metros de braços bem no meio do vagão lotado do trem e soltou o grito:


"Fláááááááááááááááááááááááááááááááááááááááááááááááááááááááááááávia!"


E me deu Aquele Abraço!


Que D-E-L-Í-C-I-A! Que encontro (desculpem o palavrão) fodástico!


Ficamos ali, no meio do trem, abraçados por alguns segundos que pareceram uma eternidade. No meio do abraço abri os olhos e espiei sobre seus ombros, e pude ver que absolutamente todos os passageiros do trem olhavam na nossa direção, boquiabertos. Tinham acabado de assistir um encontro cinematográfico. Por um momento achei que fosse começar a tocar a música do filme Carruagens de Fogo (sabe, aquela?), e que na sequência viria uma salva de palmas. Delírio total!

Não acreditei que estava ali, diante do meu queridíssimo amigo Marquinho, mais de 15 anos depois...

DéJà Vu !

Reencontro totalmente improvável numa tarde de sexta-feira, mas tinha que ser no trem! Impressionante! Emocionante! Demais!

Não sei relatar exatamente o que veio na sequência porque foi tudo muito rápido... Conversamos por 2 ou 3 minutos ali mesmo, no meio do vagão do trem em movimento, mas ele ia descer na próxima estação, então a situação virou um atropelo de palavras e expressões como "eu nunca te esqueci" ou "falei de você estes dias!"

Conseguimos trocar telefones rapidamente, e deu tempo de o Marquinho me dizer, antes de descer, as coordenadas para que eu pudesse encontrá-lo no Orkut. As portas do trem se abriram, ele desceu, e eu fiquei ali prostrada no meio do vagão do trem, emocionadíssima, com cara de boba, tentando conter as lágrimas porque a platéia era muito grande.

Desci na estação seguinte ainda com aquela sensação estranha de ter vivido esse reencontro de uma maneira tão particular e rápida. Fui e voltei 15 anos no tempo em coisa de 2 ou 3 minutos. Assim que encontrei o Odylo já fui atropelando as palavras pra contar como eu tinha ficado feliz com aquele encontro, e desde então saio contando pra todo mundo - e agora pra vocês aqui no Blog - como foi bom recuperar meu amigo e toda a carga de lembranças incríveis que ele me traz.

Ainda não nos vimos desde então. Já nos adicionamos no Orkut, já trocamos mensagens, já pude perceber que ele continua um looooooooooooooosho, já sei que trabalha com moda e vive num mundo absolutamente glamuroso, como lhe é totalmente adequado, aliás. Só que hoje somos adultos com muito mais responsabilidades do que há 15 anos, de modo que está difícil encontrarmos um espaço comum nas nossas agendas para o nosso merecido papo de reencontro.

Estamos tentando, e em breve há de dar certo! Depois eu conto pra vocês!


Quando a amizade é verdadeira e a pessoa é especial de verdade, vejam vocês... nem 15 anos de distância total são capazes de apagá-la da nossa memória, de apagar as lembranças, de apagar o carinho. Que lindo é poder viver isso!

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Que Amor!

Ai, gente, "desculpaê", mas como quase ninguém lê os comentários, tive que publicar esse aqui, deixado no post logo abaixo, sobre as minhas muitas faces no passado:



"Em qualquer que seja a época, eu teria ficado com você, isto eu tenho certeza. Te Amo."

Não é lindo? Como é bom ouvir um agradinho desses de vez em quando, né? Principalmente quando vem assim, "do nada", de maneira totalmente inesperada... Faz toda a diferença!

Vale mais que uma jóia cara ou um buquê de flores nobres... simplesmente porque é genuíno, porque vem de lá do fundo do coração, e disso EU tenho certeza!

Como diz minha amiga Bruxona, "O Amor é mesmo muito mais que mega Lindiuuuuuuuuuuuuu"


TE AMO, MOREEEEEEEE !