"estou com saudades de vc, com relação ao seu blog aquilo esta mais para a saga de uma carapicuiabana desvairada do que para blog....mas.....beijos"
Hoje de manhã quando acessei meu Orkut, me deparei com esse gentil recadinho transcrito aí em cima... Pra variar, me acabei de rir, porque o scrap veio de uma pessoa que sempre, sempre, sempre me faz rir...Usando uma metáfora meio manjada, tenho que dizer que a vida da gente é uma montanha-russa... eu já tive meus altos e baixos, minhas subidas lentas e minhas descidas bruscas e assustadoras, já me decepcionei com alguns amigos que me abandonaram na hora da "descida", mas felizmente também tive provas inesquecíveis de amizade através de pessoas que seguraram a minha mão na hora em que eu quase caí, na hora em que eu achei que não houvesse mais fôlego pra outra subida...Desde então, sempre digo de boca cheia que eu tenho amigos de verdade, que eu aprendi o mais profundo sentido da palavra "AMIZADE", e me sinto muito privilegiada por isso, principalmente porque vivemos num mundo de relações quase sempre superficiais que vão e vem tão facilmente que muitas vezes nem há tempo para criar lembranças... Mas eu tenho lembranças, muitas lembranças, deliciosas e divertidas lembranças, vividas com pessoas que serão eternamente muito importantes pra mim...Uma dessas pessoas é a figurinha aí da foto, o mesmo autor do citado scrap no Orkut... Fui bastante generosa com ele (e comigo mesma), e usei uma foto de 10 anos atrás, quando eu era consideravelmente "menos farta", e ele tinha bem mais cabelo... Essa foto foi tirada no dia da nossa Colação de Grau, e na época a sólida amizade já existia há uns 5 anos, o que nos leva à soma de mais ou menos 15 anos de história...O Elieser é uma pessoa rara, e todo mundo que o conheçe não o esqueçe... é impossível esquecê-lo, e quase impossível viver sem ele por perto... Quase impossível porque ele foi embora há cerca de 7 anos, e eu sobrevivi, mas que dá muita saudade, ah, isso dá!!!Conheci o Elieser na Faculdade... ele era o "representante de classe", tinha um estilo meio CDF, a princípio não parecia ter muita coisa a ver comigo, mas logo descobrimos o primeiro ponto em comum (que coisa mais triste!)... Morávamos em "Caracas City", e isso acabou nos aproximando por conta da saga do metrô, trem e busão em plena onze horas da noite todo santo dia, quando voltávamos da Faculdade que ficava lá na Liberdade até essa cidadezinha da qual eu ainda não me livrei... Eram longas horas esperando o último metrô, depois o último trem, depois o último ônibus, mas eu sobrevivi principalmente porque não podia ter melhor companhia nesses momentos sofríveis... Logo virei adepta da "terapia do riso"... sabe aquela coisa de começar a rir e não conseguir mais parar, mesmo com todas as outras pessoas olhando pra você???Acontece que o Elieser é uma das pessoas mais divertidas que eu conheço... Ele tem uma presença de espírito fantástica, é uma pessoa "leve", capaz de tornar suportável até o momento mais insuportável... Ele tem sempre um ponto de vista no mínimo curioso sobre uma situação que parece óbvia, e eu logo descobri como a vida pode ser legal quando nos permitimos quebrar alguns paradigmas e tentamos ver as coisas pelo lado menos convencional...Qualquer programa com o Elieser era uma verdadeira aventura... logo que a saga do metrô/trem/busão acabou, quando eu finalmente consegui comprar meu carrinho, ele virou meu "co-piloto" oficial, e vivenciou comigo alguns dos mais "perigosos" momentos de uma motorista recém-habilitada... Quase infartou algumas vezes, mas entre uma barbeirada e outra, a verdade é que nosso retorno pra casa depois de uma exaustiva noite na Faculdade era sempre uma novidade, fosse por um caminho novo que tentávamos fazer, fosse por uma freada brusca entre uma gargalhada e outra, fosse pelo atropelamento de uma pomba, ou mesmo pelo assunto que nunca acabava, e às vezes me fazia ficar mais de meia hora na porta do prédio dele conversando, apesar de ser super tarde e a gente ter que acordar super cedo no dia seguinte pra ir trabalhar...O Elieser era meu super-amigo, super-confidente, super-companheiro e super-cobaia pra qualquer encrenca em que eu me metesse... Quando concluímos a Faculdade, viramos parceiros de cinema, um hobby comum, e reservávamos sempre pelo menos uma ou duas noites na semana pra irmos juntos ao Cinemark do Shopping Tamboré, onde tínhamos cadeira cativa... As simples idas ao Cinema criaram muitas histórias... Ele perdia os ingressos, derrubava a pipoca, eu caía do salto, nós brigávamos pela localização da poltrona (ele é meio cego e gosta de sentar lambendo a tela), e às vezes não aguentávamos esperar o filme terminar para fazer nossos peculiares comentários... Ah, bons tempos!!!
Houve um dia em que o Elieser resolveu comprar uma TV nova... ele é meio fanático por TV, na verdade, então se apoderou das economias da tia que o abrigava no apartamento da Cohab, vendeu algumas muambas, fez empréstimo no Banco e comprou uma TV de muuuuuuuitas polegadas, nem lembro quantas, só lembro que a TV era gigante, e naquela época nem havia essa febre de TV´s gigantes que tem hoje em dia, naquela época o máximo que as pessoas mais modernas tinham era uma TV de 29 polegadas... Bom, mas o Elieser nunca foi muito bom no seu senso de espaço, então ele foi até a loja, comprou a TV gigante, e disse pro vendedor que ele mesmo a levaria. Então me ligou, pediu uma carona e eu fui até o Shopping encontrá-lo. O detalhe é que eu tinha um Corsa, e quando cheguei na loja vi que só a caixa da TV era maior que o meu carro inteiro... Mas ele nem cogitou a idéia de deixar a TV lá para a loja entregar na semana seguinte... Se não levasse a TV naquele dia e a ligasse e assistisse qualquer coisa em tamanho gigante, acho que ele morreria... Então, mobilizamos a equipe inteira da loja para montar uma estratégia de transporte de uma TV gigante em um Corsa, e depois de muita confusão, finalmente conseguimos enfiar a caixa no carro, nem me lembro bem como, só sei que ela entrou e nós fomos embora alegres e retumbantes....Mas... Eis que chegamos ao prédio onde ele morava, isso já altas horas da noite, e então nos damos conta de que precisamos subir 6 lançes de escada estreita com aquele trambolho até chegar ao apartamento, e nem tínhamos certeza se a TV passaria pela porta!!! Bom, pra encurtar a história, horas e horas depois, quando o dia já estava clareando, eu já tinha perdido o salto do sapato e parte da minha dignidade, e o Elieser praticamente tinha derretido de tanto esforço feito, finalmente conseguimos enfiar a TV gigante na minúscula sala do apartamento... A tia dele quase morreu de susto quando viu aquele "troço" no meio das samambaias, achou que estivesse no meio de uma pesadelo quando viu a cara enorme de algum ator da novela das oito saltando daquela tela gigante, demorou um pouco pra entender como aquela coisa tinha chegado à sua sala, mas logo se acostumou a ver TV em uma outra perspectiva... rsrs... As samambaias sofreram um pouco, é verdade, mas até as bichinhas se acostumaram...
Nossa vida era assim... recheada de histórias absurdas, mas o principal é que estávamos sempre nos divertindo, sempre dando risada de alguma situação ou de alguém, e essas lembranças são inesquecíveis...